Rss Feed
  1. Atenção Jornalistas! Eles estão na sua prateleira?

    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Pesquisando em alguns sites e atendendo a sugestão de professores da UFRN. Fiz uma lista com os 10 livros que um jornalista ,ou um futuro jornalista, não pode deixar de ler. Esses livros abordam de questões técnicas, relatos históricos a experiências de profissionais de destaque, como o jornalista Caco Barcelos e Eliane Brum. Espero que gostem!! 


    A Sangue Frio, Truman Capote
    Com o objetivo de fazer uma reportagem sobre o assassinato do casal Clutter e seus dois filhos, ocorrido em 1959 na cidade de Holcomb, nos Kansas, Estados Unidos, Truman Capote passou mais de um ano na região, entrevistando os moradores e investigando as circuntâncias do crime. Sem gravador ou bloco de notas, munido apenas de sua prodigiosa memória e de um talento excepcional para observar detalhes, escrafunchar informações e, sobretudo, contar uma boa história, Capote produziu um clássico do jornalista literário.


    Comprar o Livro


    O Olho da Rua, Eliane Brum
    Se as histórias contadas nesse livro fossem ficção, o leitor pensava que autor exagerou. Seriam surpreedende demais. Essa é a delícia da literatura da vida real feita por Eliane Brum, uma repórter que se especializou em descobrir ângulos inusitados e beleza na brutalidade cotidiana, sem perder a palavra exata e o rigor da melhor tradição do jornalismo.


    Comprar o Livro 



    Chatô, o Rei do Brasil; Fernando Morais.
    A história da vida vertiginosa de um dos brasileiros mais poderosos e controvertidos deste século. Dono de um império de quase cem jornais, revistas, estações de rádio e televisão - os Diários Associados - e fundador do MASP, Assis Chateaubriand, ou apenas Chatô, sempre atuou na política, nos negócios e nas artes como se fosse um cidadão acima do bem e do mal. Mais temido do que amado, sua complexa e muitas vezes divertida trajetória está associada de modo indissolúvel à vida cultural e política do país entre as décadas de 1910 e 1960, magistralmente recriada neste Chatô, o rei do Brasil.


    Compre o Livro



    O que é Jornalismo? Clovis Rossi.
    Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra acrescida, no caso da televisão, de imagens. Entrar no universo do jornalismo significa ver essa batalha por dentro, desvendar o mito da objetividade, saber quais são as fontes, discutir a liberdade de imprensa no Brasil.

     Compre o Livro


    O que É ser Jornalista? Ricardo Noblat 
    A série "O que é Ser" é destinada, principalmente ao leitor em idade de definição profissional. "O Que é Ser Jornalista", apresenta relatos com as principais dúvidas sobre a profissão de jornalista, os grandes desafios já enfrentados, os problemas do dia-a-dia, os atributos que consideram mais valiosos para seu desempenho e tantos outros aspectos importantes dessa profissão. Pois, segundo o autor, o jornalista veio ao mundo para correr atrás de notícias e oferecê-las ao estimado público da melhor maneira possível. Com precisão, clareza e honestidade. 

     

    Minha Razão de Viver,Samuel Wainer.

    Samuel Wainer, o maior jornalista político do Brasil, conta tudo sobre a sua trajetória na imprensa brasileira neste livro. "Minha Razão de Viver", mais do que um livro, é um documento histórico que revela detalhes dos meandros do poder, desde Getúlio Vargas e o Estado Novo até o golpe de 1964.

    Compre o Livro 

    Cem Ano de Solidão, Gabriel Garcia Márquez. Com nova tradução e projeto gráfico, o livro mais importante da obra de Gabriel García Márquez, vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1982 é relançado. O autor narra a incrível história da família Buendía, uma estirpe de solitários que habitam a mítica aldeia de Macondo. A narrativa desenvolve-se em torno de todos os membros dessa família, com a particularidade de que todas as gerações foram acompanhadas por Úrsula, uma personagem centenária e uma matriarca das mais conhecidas da história da literatura latino-americana.

    O Reino do Poeder, Gay Talese. The New York Times, o jornal mais influente do mundo, durante boa parte do século XX exerceu efetivamente o ´quarto poder´ nos Estados Unidos. Como acontece em toda grande instituição, o interior do The New York Times abrigou lutas e batalhas pelo poder, numa guerra traduzida em conflitos de personalidade, manipulações, choques de interesses, alianças táticas, vitórias exultantes e decepções profundas. A história desse grande jornal é apresentada aqui pelo editor e ensaísta Gay Talese, um dos expoentes do ´novo jornalismo´ - gênero que combina as técnicas descritivas do romance com o realismo da não-ficção. Talese expõe a filosofia e os princípios editoriais do Times, descreve as mudanças que o jornal sofreu ao longo de mais de um século de existência, identifica suas contradições, analisa a atuação de suas figuras-chave, destaca suas relações (às vezes incestuosas) com o poder político e também reconstitui reportagens de impacto. Nesses tempos em que não sabemos se são as pessoas que fazem as notícias ou se são as notícias que fazem as pessoas, este clássico da história do jornalismo ergue diante de nós o reino da imprensa, com seus senhores feudais, seus cavaleiros andantes e seus usos variados do poder de publicar.


    O Senhor Embaixador, Erico Verissímo.Primeiro livro de Erico Verissimo após a consagrada trilogia "O tempo e o vento", o romance "O Senhor Embaixador" é um retrato crítico e mordaz dos problemas políticos que assolam a América Latina. Concebido sob o impacto da Revolução Cubana e publicado um ano após o golpe de 1964, o livro foi um marco da resistência do escritor gaúcho.

    Rota 66, Caco Barcelos.´Rota 66´ é um livro já consagrado pelo público e pela crítica, onde o autor desmonta a intricada rede que forma o ´esquadrão da morte oficial´ montado em São Paulo. Resultado de uma investigação meticulosa e audaciosa, a obra foi escrita por Caco Barcelos, que é correspondente internacional da Rede Globo e considerado um dos jornalistas de maior prestígio dentro da emissora, pela audiência conseguida por suas reportagens.

    SITES:


  2. 125 anos ; Manuel Bandeira

    terça-feira, 19 de abril de 2011

            Hoje dia 19 de abril de 2011 completaria 125 anos de vida um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho. Nasceu em Recife-PE, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira.
        Com 17 anos, Manuel Bandeira foi para São Paulo, a fim de ingressar na Escola Politécnica, mas já no ano seguinte (1904) ficou tuberculoso. Abandonou os estudos, passando temporadas em várias outras cidades, de clima mais propício ao seu estado de saúde. Em 1913 partiu para a Suíça em busca de tratamento. Regressou no ano seguinte, pois estava começando a Primeira Guerra Mundial. Em 1917 publicou seu primeiro livro: A Cinza das Horas.
             Conforme esclarece o melhor crítico da obra de Bandeira, Davi Arrigucci Jr.: "A poesia de Bandeira (..) tem início no momento em que sua vida, mal saída da adolescência, se quebra pela manifestação da tuberculose, doença então fatal. O rapaz que só fazia versos por divertimento ou brincadeira, de repente, diante do ócio obrigatório, do sentimento de vazio e tédio, começa a fazê-los por necessidade, por fatalidade, em resposta à circunstância terrível e inevitável". 

            O poeta morreu com mais de 80 anos, em 13 de outubro de 1968.

             Um dos poemas bem conhecido de Manuel Bandeira “Trem de Ferro”, tem notória musicalidade típica das obras do autor. O vídeo abaixo é uma adaptação do poema realizado pelo grupo Vocal Patuscada : Letra do Poema

     

    Referências: 





  3. Por Gabriel García Márquez

    segunda-feira, 18 de abril de 2011

    Texto publicado no Observatório da Imprensa e retirado do site Profissão Repórter.

     A MELHOR PROFISSÃO DO MUNDO 

    Por Gabriel García Márquez
    "Há uns cinqüenta anos não estavam na moda escolas de jornalismo. Aprendia-se nas redações, nas oficinas, no botequim do outro lado da rua, nas noitadas de sexta-feira. O jornal todo era uma fábrica que formava e informava sem equívocos e gerava opinião num ambiente de participação no qual a moral era conservada em seu lugar." 
    "Não haviam sido instituídas as reuniões de pauta, mas às cinco da tarde, sem convocação oficial, todo mundo fazia uma pausa para descansar das tensões do dia e confluía num lugar qualquer da redação para tomar café. Era uma tertúlia aberta em que se discutiam a quente os temas de cada seção e se davam os toques finais na edição do dia seguinte. Os que não aprendiam naquelas cátedras ambulantes e apaixonadas de vinte e quatro horas diárias, ou os que se aborreciam de tanto falar da mesma coisa, era porque queriam ou acreditavam ser jornalistas, mas na realidade não o eram." 
    "O jornal cabia então em três grandes seções: notícias, crônicas e reportagens, e notas editoriais. A seção mais delicada e de grande prestígio era a editorial. O cargo mais desvalido era o de repórter, que tinha ao mesmo tempo a conotação de aprendiz e de ajudante de pedreiro. O tempo e a profissão mesma demonstraram que o sistema nervoso do jornalismo circula na realidade em sentido contrário. Dou fé: aos 19 anos, sendo o pior dos estudantes de direito, comecei minha carreira como redator de notas editoriais e fui subindo pouco a pouco e com muito trabalho pelos degraus das diferentes seções, até o nível máximo de repórter raso. 
    A prática da profissão, ela própria, impunha a necessidade de se formar uma base cultural, e o ambiente de trabalho se encarregava de incentivar essa formação. A leitura era um vício profissional. Os autodidatas costumam ser ávidos e rápidos, e os daquele tempo o fomos de sobra para seguir abrindo caminho na vida para a melhor profissão do mundo - como nós a chamávamos. Alberto Lleras Camargo, que foi sempre jornalista e duas vezes presidente da Colômbia, não tinha sequer o curso secundário. 
    A criação posterior de escolas de jornalismo foi uma reação escolástica contra o fato consumado de que o ofício carecia de respaldo acadêmico. Agora as escolas existem não apenas para a imprensa escrita como para todos os meios inventados e por inventar. Mas em sua expansão varreram até o nome humilde que o ofício teve desde suas origens no século XV, e que agora não é mais jornalismo, mas Ciências da Comunicação ou Comunicação Social
    O resultado não é, em geral, alentador. Os jovens que saem desiludidos das escolas, com a vida pela frente, parecem desvinculados da realidade e de seus problemas vitais, e um afã de protagonismo prima sobre a vocação e as aptidões naturais. E em especial sobre as duas condições mais importantes: a criatividade e a prática. 
    Em sua maioria, os formados chegam com deficiências flagrantes, têm graves problemas de gramática e ortografia, e dificuldades para uma compreensão reflexiva dos textos. Alguns se gabam de poder ler de trás para frente um documento secreto no gabinete de um ministro, de gravar diálogos fortuitos sem prevenir o interlocutor, ou de usar como notícia uma conversa que de antemão se combinara confidencial. 
    O mais grave é que tais atentados contra a ética obedecem a uma noção intrépida da profissão, assumida conscientemente e orgulhosamente fundada na sacralização do furo a qualquer preço e acima de tudo. Seus autores não se comovem com a premissa de que a melhor notícia nem sempre é a que se dá primeiro, mas muitas vezes a que se dá melhor.especialmente a curiosidade pela vida.  Alguns, conscientes de suas deficiências, sentem-se fraudados pela faculdade onde estudaram e não lhes treme a voz quando culpam seus professores por não lhes terem inculcado as virtudes que agora lhes são requeridas,
    É certo que tais críticas valem para a educação geral, pervertida pela massificação de escolas que seguem a linha viciada do informativo ao invés do formativo. Mas no caso específico do jornalismo parece que, além disso, a profissão não conseguiu evoluir com a mesma velocidade que seus instrumentos e os jornalistas se extraviaram no labirinto de uma tecnologia disparada sem controle em direção ao futuro. 
    Quer dizer: as empresas empenharam-se a fundo na concorrência feroz da modernização material e deixaram para depois a formação de sua infantaria e os mecanismos de participação que no passado fortaleciam o espírito profissional. As redações são laboratórios assépticos para navegantes solitários, onde parece mais fácil comunicar-se com os fenômenos siderais do que com o coração dos leitores. A desumanização é galopante
    Não é fácil aceitar que o esplendor tecnológico e a vertigem das comunicações, que tanto desejávamos em nossos tempos, tenham servido para antecipar e agravar a agonia cotidiana do horário de fechamento. 
    Os principiantes queixam-se de que os editores lhes concedem três horas para uma tarefa que na hora da verdade é impossível em menos de seis, que lhes encomendam material para duas colunas e na hora da verdade lhes concedem apenas meia coluna, e no pânico do fechamento ninguém tem tempo nem ânimo para lhes explicar por que, e menos ainda para lhes dizer uma palavra de consolo. 
    "Nem sequer nos repreendem", diz um repórter novato ansioso por ter comunicação direta com seus chefes. Nada: o editor, que antes era um paizão sábio e compassivo, mal tem forças e tempo para sobreviver ele mesmo ao cativeiro da tecnologia. 
    A pressa e a restrição de espaço, creio, minimizaram a reportagem, que sempre tivemos na conta de gênero mais brilhante, mas que é também o que requer mais tempo, mais investigação, mais reflexão e um domínio certeiro da arte de escrever. É, na realidade, a reconstituição minuciosa e verídica do fato. Quer dizer: a notícia completa, tal como sucedeu na realidade, para que o leitor a conheça como se tivesse estado no local dos acontecimentos." 
    "O gravador é culpado pela glorificação viciosa da entrevista. O rádio e a televisão, por sua própria natureza, converteram-na em gênero supremo, mas também a imprensa escrita parece compartilhar a idéia equivocada de que a voz da verdade não é tanto a do jornalista que viu como a do entrevistado que declarou. Para muitos redatores de jornais, a transcrição é a prova de fogo: confundem o som das palavras, tropeçam na semântica, naufragam na ortografia e morrem de enfarte com a sintaxe. 
    Talvez a solução seja voltar ao velho bloco de anotações, para que o jornalista vá editando com sua inteligência à medida que escuta, e restitua o gravador a sua categoria verdadeira, que é a de testemunho inquestionável. De todo modo, é um consolo supor que muitas das transgressões da ética, e outras tantas que aviltam e envergonham o jornalismo de hoje, nem sempre se devem à imoralidade, mas igualmente à falta de domínio do ofício. 
    Talvez a desgraça das faculdades de Comunicação Social seja ensinar muitas coisas úteis para a profissão, porém muito pouco da profissão propriamente dita. Claro que devem persistir em seus programas humanísticos, embora menos ambiciosos e peremptórios, para ajudar a constituir a base cultural que os alunos não trazem do curso secundário. 
    Entretanto, toda a formação deve se sustentar em três vigas mestras: a prioridade das aptidões e das vocações, a certeza de que a investigação não é uma especialidade dentro da profissão, mas que todo jornalismo deve ser investigativo por definição, e a consciência de que a ética não é uma condição ocasional, e sim que deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro. 
    O objetivo final deveria ser o retorno ao sistema primário de ensino em oficinas práticas formadas por pequenos grupos, com um aproveitamento crítico das experiências históricas, e em seu marco original de serviço público. Quer dizer: resgatar para a aprendizagem o espírito de tertúlia das cinco da tarde. 
    Um grupo de jornalistas independentes estamos tratando de fazê-lo, em Cartagena de Indias, para toda a América Latina, com um sistema de oficinas experimentais e itinerantes que leva o nome nada modesto de Fundação do Novo Jornalismo Ibero-Americano. É uma experiência piloto com jornalistas novos para trabalhar em alguma especialidade - reportagem, edição, entrevistas de rádio e televisão e tantas outras - sob a direção de um veterano da profissão." 
    "A mídia faria bem em apoiar essa operação de resgate. Seja em suas redações, seja com cenários construídos intencionalmente, como os simuladores aéreos que reproduzem todos os incidentes de vôo, para que os estudantes aprendam a lidar com desastres antes que os encontrem de verdade atravessados em seu caminho.
    Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. 
    Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte." 


  4. Antes de dormir.

    quinta-feira, 14 de abril de 2011

    "Fechar os olhos e ouvir o barulho da chuva;
    Abrir os olhos e esperar encontrar você;
    Mas você não está. Ta longe;
    Olhar pra janela e ver a noite refletindo no violão;
    Escrever esse momento;
    Na esperança de em breve a luz piscar(...)
    e ser você do outro lado".

  5. "João vai à praia'

    sexta-feira, 1 de abril de 2011

    Everson Andrade.
    2009.1

    "Quando tinha 11 anos ele viu o mar pela primeira vez, vindo do sertão sempre o imaginava como uma grande represa, mas ao chegar foi amor à primeira vista, se a apaixonou e casou. 41 anos depois trabalhando diariamente, vendendo picolé na praia esse amor virou monotonia. Hoje com 52 anos João da Silva se prepara para seu segundo passeio na praia.

    Vai levar sua família para passar um dia de domingo, dessa vez de frente para o mar, pois por quase quatro décadas viveu dando as costas para ele e cedendo atenção exclusiva aos desconhecidos a quem vendia seu produto. 

    Ele chegou cedo, veio de ônibus e procurou o lugar mais reservado da praia, não queria que os amigos o vissem naquela situação. Parou, sentou, e olhou: o sol ainda era dividido em dois pela linha do horizonte e o céu meio escuro como que vai chover dentro de cinco minutos. Sobre o pano em cima da areia sua mulher colocou o bolo de ovos, e com o guaraná chamou os meninos que já corriam pela areia, e ali mesmo tomaram o café. Família simples, nem ligou para os granfinos que passavam fazendo suas caminhadas e olhavam torto para aquelas pessoas sentadas.

    Já eram dez horas e para o seu desgosto um dos colegas de trabalho apareceu. Ele não tinha nem um problema com os seus amigos ou sua situação social, porém nunca fora visto ali se não trabalhando, mas segundo o mantra de Chico, pediu sua cerveja para tomar antes da galinha com farofa que sua esposa tinha preparado para o almoço. Aquela cerveja desceu refrescando seu corpo e espírito, se tornando mais doce que o doce da batata doce.

    Enquanto saboreava aquele mimo que se permitiu, observava seus filhos brincando na água. Brincavam de não sei o quê, mas eram felizes, com isso remeteu ao seu passado quando o mar era seu açude. Para ele seu dia já estava de bom tamanho e alegre.
    Após saborear o galeto, entrou pela única vez no mar, brincou e nadou até dizer chega, voltando juntaram suas coisas e foram para casa.
    Ainda no ônibus disse à companheira que gostou da experiência e daquele dia em diante repetirão mais essa atividade. Antes de morrer João foi à praia mais 867 vezes, e mais 3 vezes visitou a praia".