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  1. A PRINCESA E A ESTRELA

    terça-feira, 28 de dezembro de 2010


    Sempre lembro desse texto,cada vez  que eu o leio ele me passa uma forma diferente.Parece que ele sempre tem o que dizer,espero que ele te diga algo.


              "A vida perde o sentido para quem tem tudo o que quer e que precisa, pelo menos foi o que constatou a Princesa. Era tudo tão tedioso, tão simples e sem graça. Pessoas sem graça e bajuladoras, castelo sem graça, pais sem graça, noivo sem graça. As únicas coisas que admirava eram a natureza, que a cada dia, por mais que fosse a mesma, era diferente, e os livros, que exibiam mundos e aventuras jamais imaginados e aparentemente impossíveis. Para alguém como a Princesa, alguém tão inteligente, as coisas ao redor eram tão banais que a deixavam incomodada. Ninguém dizia ou fazia algo novo, era a rotina de sempre. Uma vez, quando criança, lendo um conto de fadas, a Princesa indagou se gostaria de viver o tal “felizes para sempre”, e percebeu que tudo que não muda nunca fica chato. Ela ficou com muito dó da princesa da história, ela devia estar muito entediada, pensou. Foi aí que desistiu de ler contos de fada, afirmando serem muito tristes, embora o pai nunca tivesse entendido o porquê.
    O fato é que, em mais uma manhã sem graça, onde tudo estava, como sempre, perfeito, ela resolveu sair de seu castelo para conhecer o mundo. Foi a última vez que alguém do castelo viu a Princesa. Ela explorou matas, vilarejos, cidades enormes e desertos, mas como sempre, tudo parecia muito comum. Em uma noite, caminhando perto de um lago, de um lugar onde os sonhos são vida e poucos conseguem chegar, ela esbarrou em uma pedra escondida atrás dos arbustos. A pedra gritou tão alto que a Princesa não pôde conter o susto.
          -Perdoe-me, eu não vi você aí. – Disse a Princesa curiosa.
    A pedra apenas resmungou.
    - Você é uma pedra muito mal educada! – Retrucou a Princesa ofendida.
    -         Pedra? Você me confundiu com uma pedra. Não posso acreditar!
    -         Ora, e o que você é então?
    -         Uma estrela caída, você é cega?
    A Princesa incrédula apenas sorriu e desculpou-se. Pobrezinha, devia estar maluca por estar há tanto tempo ali sozinha. Os dias se passavam e a Pedra- Estrela interessava cada vez mais à Princesa. Elas conversavam por horas e discutiam por quase tudo. As discussões divertiam a ambas que no fim sempre acabavam a gargalhadas. A Princesa contava a Pedra como era o mundo, mas recusava-se a dizer que o achava tão sem graça, pois a pobre ouvia maravilhada suas histórias. A Pedra, por sua vez, contava como era lindo o céu, mas sempre que falava nesse assunto assumia um olhar triste.
    Com o passar dos dias, a Princesa notou que a Pedra, aparentemente feia, sem graça e rabugenta, se parecia mais com uma estrela. Ela quase podia ver o brilho de uma estrela quando olhava fixamente, e cogitava agitada sobre a hipótese de a Pedra não estar louca. Ela acabou por se convencer de que a outra era uma estrela, mas nunca contou que duvidara. Elas agora tinham uma amizade única, cativante, algo que fazia a Princesa achar graça na vida.
    Certa noite, a Estrela estava pensativa, quieta e a Princesa perguntou-lhe o porquê de ela estar assim. A outra a fitou tristemente e respondeu:
    -         Princesa, estou morrendo.
    -         Morrendo? Deixe de brincadeiras...
    -         Ora, não estou brincando. Sou uma estrela caída esperava que eu vivesse por muito tempo?
    A princesa não respondeu, não podia acreditar. A estrela continuou.
    -         Não queria deixá-la triste, mas precisava dizer adeus.
    -         Tem de haver um jeito de que isso não aconteça. – Retrucou a Princesa apavorada.
    -         Não há. Mas gostaria de pedir-lhe um favor. Fique ao meu lado até que eu me vá.
    A Princesa abraçou-a com carinho e as duas ficaram ali, olhando o céu. Lágrimas silenciosas escorriam pela face da Princesa que apertava muito forte a Estrela, como se assim ela pudesse ficar ali, ao seu lado. Sem que quisesse a Princesa adormeceu, foi um sono profundo, diferente, e sonhou com o mundo que conhecera sob um novo olhar. Um mundo que, agora, tinha vida, cores.
    A Princesa despertou e a estrela não estava mais em seus braços, ela havia de fato partido. Foi então que a Princesa percebeu algo e riu sozinha por longos minutos, risos tristes, nunca antes experimentados. Ela percebeu que, embora a outra não estivesse mais ali, seria impossível de esquecê-la, porque foi com aquela pequena estrela que a Princesa descobriu o que significa felicidade".

    Autora: Rhayane Peres.


  2. 1 comentários:

    1. Tens toda a razão. Eu sei que um dia também terei o meu final feliz. Tudo vem de arrasto com o tempo :)

      Feliz Ano Novo *