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  1. Minha Vó

    sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

    Quando comecei a falar. Há alguns anos atrás. Disseram-me que o nome de minha vó era Zezita. Aprendi. Lembro até de rirem de mim na escola. Um dia a professora pediu que a turma dissesse palavras que começassem com a letra Z, eu não hesitei “Zezita, tia”. Risos.  Porém anos depois corrigiram e me contaram que na realidade era Josefa Pereira do Nascimento. Porque o padre não aceitou batiza-la com Zezita. Comecei a usar isso a meu favor, quando queria puxar algum assunto, em uma roda de adultos, eu dizia “sabia que o nome de verdade da minha vó é Josefa?”.  Na igreja também, quando tinha uma lista sobre qualquer coisa e tinha lá “Josefa”, as pessoas se perguntavam, “quem é essa?”. Eu rapidamente respondia: “É a minha Vó”.

    Mas ai, quando tudo parecia estar estabelecido. Minha Vó resolveu voltar a assinar o nome de solteira, já que havia se divorciado legalmente do meu avô. Voltando a se chamar, Josefa Pereira de Oliveira. Ufa, agora ela parou. Não tem mais para onde correr.

    Mesmo minha vó tendo “muitos” nomes, eu sempre a chamei e a chamarei de uma forma. MINHA VÓ. Ela tem mais netos sim, cinco. Mesmo assim, ela é minha vó. Não sou possessiva, fui criada assim. Minha mãe é minha mãe e minha vó é minha vó.

    Minha vó é aquela senhora que não admite cabelos alvos, que se perfuma toda antes de sair de casa, passa muitos hidratantes, é costureira, cozinha bem a beça, se estressa quando ninguém faz o que ela pede (na hora que ela pede), é paraibana, mesmo vivendo há 50 anos no Rio de Janeiro não perdeu o sotaque, sempre da aquele "cinco reais emprestado" aos netos (mesmo eles tendo 20 anos), faz um pão na chapa ou uma tapioca a hora que você pedir, já disse 427 milhões de vezes que nunca mais faria uma roupa para um neto, já que eles não usam. Obrigada “minha vó” por não desistir de mim, e insistir todo domingo de manhã para eu levantar. Minha vó é aquela senhora que vale a pena diminuir o passo para acompanha-la. 

  2. Sim, eu sou jornalista!

    terça-feira, 6 de dezembro de 2011

         Vontade gigante de escrever, mas sem saber o que. Isso deve ser algum tipo de doença, sei lá. Neste exato momento eu passaria horas escrevendo. E o assunto, cadê? O tema? Não tenho. Queria escrever alguma coisa para o Brigadeiro de Cetim, ou até mesmo para o Assuntos Crônicos, mas para minha frustração não tenho nenhuma história, ou comentário. Muito frustrante isso.

          O que estou fazendo agora? Pergunta que as pessoas do mundo todo têm respondido milhões de vezes por dia.  Assistindo no youtube o ultimo JN com a Fátima Bernardes. Apresentaram uma retrospectiva jornalística dela e da Patrícia Poeta.  Vendo esse resumo que mesclou a vida das duas jornalistas com os acontecimentos que marcaram o mundo, sem exageros, me da certeza que fiz a escolha certa! Em fazer e viver de Jornalismo. A vontade de estar contando a história e vivendo de perto grandes momentos da nossa história é algo que me move de uma maneira inexplicável. Talvez eu não seja uma redatora fantástica, nem uma escritora cheia de estilos e muito menos uma repórter de tv, mas sei que fiz a escolha certa. Se um dia eu não conseguir viver dos meus textos, de fazer jornalismo, viverei de estudar o jornalismo.

          Estudantes de Jornalismo possivelmente são loucos. Talvez eles possam ser comparados aos jornalistas super experientes, que amam a profissão como se ela fosse a melhor do mundo. Por que tem uns jornalistas por aí, de meia idade, renegando as origens, frustrados com os baixos salários ou por qualquer motivo. Acabam falando mal da profissão, ou virando assessores de imprensa. Sem preconceitos. Para esse pessoal, eu na posição de foca que estou, sugiro, voltem no tempo, lembrem-se do prazer de ouvir a história de alguém, ou do "poder" que temos de ajudar as pessoas. O que os moveu quando leram a primeira pauta, o que sentiram quando viram o nome de vocês assinando uma matéria publicada, sua voz em uma sonora, ou sua imagem na tv? Lembram? Era bom né! Então, porque agora está ruim? Foi o jornalismo que mudou, ou você que se deixou levar pelas mudanças, parou de criar, se rendeu a pirâmide invertida e aos 140 caracteres.

        Toda pessoa que julga o jornalista um ser acima do bem e do mal, ou narcisista, está um pouco certa. Note o prazer e prestigio que alguém exala ao responder “sou jornalista”. Garcia Marquez tem toda razão “Jornalismo é a melhor profissão do mundo”.

        Eu comecei o texto dizendo que não tinha assunto e acabei falando de jornalismo. Por quê? Sei lá!

  3. PS: LEIA O PREFÁCIO

    quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

    Desculpe se você é do tipo de pessoa que julga o livro pela capa. Essa crônica é exatamente sobre você, ou melhor, sobre o seu ato de preconceito literário. Cuidado, essa atividade pode se estender para sua vida real. Posso falar com propriedade sobre o assunto, pois já fiz parte desse gigante grupo de pessoas preconceituosas. Mas quebrei minhas barreiras, não sou mais assim. Não consigo entender como uma pessoa pode julgar e, pior ainda, divulgar sua opinião a respeito de um livro analisando apenas capa. É lógico que determinadas capas não são muito atrativas, mas isso não impede de você perder (ou ganhar) 5 minutos da sua vida lendo aquele textinho (porque testículo é muito feio) que tem na parte de trás do livro, ou na parte de dentro da capa.

    Destaco que já presenciei cenas do tipo: “A, esse livro tem mó cara de ser ruim!”. Por quê? Coitado do livro, a culpa não é dele, se o pessoal de arte não soube escolher bem a capa. Ou cenas do tipo: “Nossa porque você comprou esse livro? Que nome estranho!”. Insisto que a pessoa leia o singelo prefácio na parte de trás do livro. “É, de repente não é ruim, depois você me empresta?”. Ai que está o problema e o que me irrita mais. Diz que o livro é ruim e depois pede emprestado!

    Tem outra coisa, existe aquela historinha do “gosto não se discute”. Que tal utiliza-la? Quando você achar que determinando livro não é bom, sem que você o tenha lido. Dialogue com a pessoa, troque ideias, não apenas classifique e faça com que a pessoa que está feliz por ter comprado aquele livro sinta-se mal, ou estranha.

    [CUIDADO] Para não julgar pessoas pela capa (cara) sem ao menos ler o prefácio (conversar). Isso pode trazer sérios prejuízos, literários e afetivos. 

  4. Diagnóstico: ECC – Escassez de criatividade crônica

    quarta-feira, 23 de novembro de 2011

    De uns tempos pra cá estou com sérios problemas criativos. Eu ando pela rua, vejo coisas interessantes e penso “nossa isso daria uma boa crônica!”. Mas cadê a criatividade para por no papel (tela), não consigo escreve uma frase sobre o assunto. Às vezes acontece pior, tenho a ideia, consigo pensar no texto, mas não tenho nada perto para registrar. Confesso que a preguiça de procurar ajuda muito. Culpo em partes minha criatividade pré-sono. Aquela que aparece quando você esta fazendo uma síntese do dia com a cabeça no travesseiro, antes de dormir. Eu prezo muito meu sono para me dar ao luxo de levantar e pegar um papel e uma caneta. Acredito piamente que na manhã seguinte a ideia não vai ter fugido. Mas a ideia é malandra, sempre vai embora antes que eu acorde, sem fazer barulho, sem deixar bilhete e pior ainda, nem me liga no dia seguinte!

    Fico preocupada com essa minha “doença”, escassez de criatividade crônica (sem duplo sentido). Sempre digo que estarei feliz profissionalmente quando puder viver de escrever, principalmente crônicas. Como uma pessoa que sonha ganhar o pão de cada dia através de ideias colocadas no papel, fica meses sem conseguir juntar dois parágrafos. Com um agravante. Que sejam bons!

    Tenho até sonhado com isso. Esta noite sonhei que estava em uma aula de estilos jornalísticos, e o suposto professor citava nomes de alunos que teriam futuro com o jornalismo literário. O sonho virou pesadelo. Meu nome não estava lá. Para piorar o professor dava uma lição de moral a essas pessoas que se julgavam bons escritores. Em minha defesa: nunca me julguei boa escritora, muito pelo contrário, tenho medo de escrever. Segundo: acredito em sonhos “proféticos”. Acredito também que esse não se cumprira. Amém!

  5. Vou me restringir à resposta.

    sábado, 20 de agosto de 2011


                   Existem sonhos que são tão ricos de detalhes, pessoas, conversas e até mesmo cheiros, que nos confundem. Já os meus não são assim, mas hoje foi diferente. Foi tudo excessivamente detalhado. Talvez eu explique o porquê do sonho, mas vou falar primeiro como aconteceu. (Afinal já estou começando a esquecer). 

                        O começo do sonho não importa muito, mas sim o final. Eu conversava com uma pessoa que me deve algo, ou pelo menos eu acho que deve. Iniciávamos um dialogo normal, porém surgia um comentário: “eu prometi que não tocaria nesse assunto com você”. Eu mudava de assunto e falava a respeito de outras coisas. Mas eu cheguei a um ponto que já tinha controle do sonho e aproveitei para ouvir uma resposta. Então escrevi: “eu também prometi que não iria perguntar nada, mas preciso saber. Posso te perguntar?”. A resposta foi uma pseudocitação de Manuel Bandeira: “Como diz Manuel Bandeira, para respostas existem três opções, o amor, a gentileza e a memória. Vou me restringir à memória”. Isso tudo respondido em forma de livros, cada palavra em uma capa de livro. 
                       Com essa resposta cheguei à conclusão, quase acordada, de que perdi meu precioso tempo fora da realidade, buscando respostas reais, e que nem em sonhos terei. Tentei continuar sonhando, mas infelizmente não consegui. Não sei bem o porquê de relatar esse sonho. Talvez para respeitar os limites do real e do imaginário. Pelo que parece quando eles se misturam as coisas ficam um pouco estranhas, fogem ao controle. 
        
    Tudo bem, agora você já pode responder.

  6. A Partir daqui...

    sexta-feira, 12 de agosto de 2011

    Tenho o titulo, mas falta o texto.


    Vamos ao texto pessimista e previsível, ou não. Algumas semanas atrás “comecei” um texto, porém não produzi mais que o titulo. Eu tinha o titulo perfeito, mas faltava todo o resto. Pelo jeito hoje vou conseguir ir além. A questão é, que esse além poderia ficar gentilmente preso ao titulo, pra sempre. “A partir daqui...”. Nossa, pensando melhor, o que irei escrever tornará esses texto nauseante (eca). Melhor parar por aqui. Eu realmente gostaria de concluir um texto interessante e surpreendente com esse titulo, porém aparentemente ele ficará sozinho, ao lado de  tudo o que ele representa nesse momento.  A partir daqui que tudo seja diferente.



    (Salmos 4:7)

  7. "Eu escrevo porque não sei fazer música."

    quinta-feira, 23 de junho de 2011

    Isso tudo porque eu tenho mais de vinte anos. Tem coisas que acontecem na vida que são traços mal dados de um enorme “por quê?”. (chovendo, bem propicio).  Não vou continuar a escrever esse texto, porque não quero falar de amor e isso será inevitável.  Para eu escrever um texto de amor é necessário que ele fique o mais subjetivo possível, que apenas eu o entenda. O que não seria o caso. Já que se eu escrevesse agora sobre amor seria uma catarse tão grande que não ficaria nada subjetivo. Seria um grande e clássico “amor é fogo que arde sem se vê”. Não muito obrigada. Camões não ajudará muito nesse momento.  Aliás, poucos ajudariam nesse momento. Talvez apenas um. Mas também não vem ao caso. 


    Se não vou continuar o sentimento inicial, o que vou escrever? Agora preciso terminar. Não posso desistir de todos os textos que começo. Esse tem que chegar ao final. Pelejarei por isso. Hoje estudando sobre jornalismo literário, ouvi uma entrevista onde o entrevistado afirmou que “literatura é mentira”. Isso no paralelo entre literatura e notícia. Se literatura é mentira, Machado de Assis mentia muito bem. Será que Bentinho no fundo não tinha ciúmes de Capitu? Afinal pra quem Machado estava mentindo? Para mim? Ou para ele mesmo? Quem sabe para Capitu? A enaltecendo tanto e no fundo era tudo mentira! 


    Literatura pode ser verdade. A verdade que eu quero. Não precisamente uma verdade ideal, mas a verdade que cabe ao sentimento posto entre o papel, a caneta e o coração. O coração sim. Tudo escrito de certa forma vem do coração. Até mesmo uma notícia de jornal, onde muitos até hoje continuam afirmando que é algo imparcial, tem que vir do coração. O homem é um ser racional, mas de que vale a “super razão” humana se não houver sentimentos avassaladores e falhos por detrás. Avassaladores e falhos. Parece que tudo se resume a isso. Afinal se fosse diferente e a razão tivesse mais valor que o coração nós seríamos apenas robôs, que seguem instruções e são totalmente compreendidos depois de uma chata leitura do manual. 


    Ainda no âmbito onde a literatura é mentira. Se for apenas a mentira literária é válido.

  8. Coisa de gente grande.

    terça-feira, 14 de junho de 2011

    Insônia criativa. Improvável. Não por ser insônia, mas sim criativa. Quando eu era criança tinha medo de dormir sozinha. Só conseguia dormir com a minha mãe ou com alguém. Por muitos anos foi apenas minha mãe e eu. Foi difícil aprender/conseguir dormir sozinha. Demorou bastante. As vezes eu pedia pra minha mãe dormir comigo. Eu dava um jeito de segurar na mão dela, ou encostar alguma parte do meu corpo no dela, para ter certeza que ela não iria embora quando eu pegasse no sono. No fundo eu sabia que não adiantava. Na manhã seguinte eu reclamava "Poxa Mãe você nem dormir comigo". Hoje olho por quarto e mais uma vez estou aprendendo a dormir sozinha. Não apenas dormir, mas a fazer todo o resto. É tão complicado quanto criança. A diferença é que minha mãe estava no quarto ao lado e agora tenho que esperar meses para poder correr e dormir ao lado dela. Mesmo assim agradeço por esperar apenas meses, poderia ser muito mais.

    (Êxodo 20:12)

  9. 427 motivos.

    segunda-feira, 6 de junho de 2011

    Ansiedade. Faço 427 milhões de planos antes que aconteça. E quando acontece é 427 bilhões de vezes diferente do planejado. Então o que adianta planejar, se vai ser diferente? Diferente não é sinônimo de ruim. Diferente é diferente e (ponto). Pode ser um diferente bom, ou um diferente ruim. Depende do planejado. Tenho feito planos, mesmo sem apreciar essa prática. Tenho “trauma” dos planos que resultaram em um diferente ruim. Mesmo assim tenho corrido o risco. Meus planos estão mais para sonhos. Sonhos sim, não por serem de difícil acesso, mas por serem apenas do meu conhecimento e de Deus. (São 23h13min, amanhã eu preciso acordar cedo e cismei que vou terminar de escrever esse texto, coisa estranha).

     

    Voltando aos meus planos/sonhos. A vida muda com tanta velocidade, que planejar torna-se arriscado. É difícil acompanhar o passo da vida. Hoje tenho 20 anos, moro em Natal, faço faculdade de comunicação social – jornalismo, moro sozinha, não tenho carteira de motorista, daqui a uns vinte dias estarei no Rio de Janeiro, toco violão pela misericórdia, acho que minha melhor amiga está ligeiramente desapontada comigo, tenho um sentimento insistente dentro de mim, não falo com minha mãe desde quarta feira passada, fui ao cinema hoje com meu pai, engordei 7% em um mês... Tudo que disse dia 06/06/2012 será diferente. Ta, tudo bem, nem tudo, mas quase tudo. Estarei eu pronta pra isso? O diferente parece sempre ser o mais difícil. Não quero que minha vida seja engessada. Sem mudanças. Eu gosto de mudanças. Mesmo tendo o risco do bom e ruim. Gosto de mudanças, sou ansiosa e faço planos. Péssima combinação.  Tenho mais de 427 trilhões de motivos para não gostar de mudar, para não ser ansiosa e muito menos fazer planos. Mas e dai? Se eu tiver apenas 1 motivo que valha a pena mudar, ficar ansiosa e fazer planos, o farei. 

     

    ( I Coríntios 13:10 )


  10. Eu no Mundo

    terça-feira, 24 de maio de 2011

          Eu não sou do mundo, estou nele apenas de passagem. Sou um forasteiro aqui. Enquanto isso  fico por aqui, vou aprendendo o que devo fazer e o que não devo.  Às vezes deixando o leão aparecer outras vezes à criança, depende de quem está na frente. Por vezes reprimindo sentimentos. O mundo é bom só pra passar um tempo. Eu conheço um lugar muito melhor. Mas como estou por aqui, vou falar deste mundo mesmo.

         Nada fácil ser forasteiro por aqui, as pessoas te cobram e te julgam: “AH! Porque você é assim? Não precisa disso tudo!”. Se ao menos houvesse respeito já seria um bom começo. Elas julgam porque é um mal do homem julgar e principalmente pré-julgar. Julgam por não conhecer e muitos não fazem a menor questão de tentar.Esse mundo foi criado pra ser bom, mas o ser humano não tem ajudado muito nessa parte. Alguns esquecem que o bom mesmo é viver em paz e ser feliz. Pra quem vive nesse mundo isso tudo é muito utópico não? Mas o rascunho era esse, mas na hora de passar a limpo estamos usando a caneta errada.
         
         Todos os dias nós temos a oportunidade de parar de usar essa caneta, e usar um lápis simples para passar esse rascunho a limpo. Mesmo assim insistimos com a caneta, mas o problema da caneta é que não da pra apagar. Triste.

         Porém eu sei de um lápis que resolve esse problema, a cor desse lápis é vermelha, e o maior segredo dele é que ele apaga os traços errados da caneta. E não são por linhas tortas não, são por linhas certas, certíssimas.

     
    (I Coríntios 13:10)  


  11. Meu Avô, uma pessoa velha.

    sexta-feira, 20 de maio de 2011

    Eu me rendo, prefiro as crônicas. Elas me transmitem muito mais que enormes romances. Afirmam que as crônicas são relatos do cotidiano (realidade) com um olhar diferente. Eu não acho que as crônicas sejam necessariamente realidade, até porque a realidade por vezes consegue ser mais surreal que a imaginação. Por me render a esse estilo, tenho lido exaustivamente.E por coincidência as ultimas que li eram sobre velhos. Isso mesmo, pessoas velhas. Eu adoro pessoas velhas. Dizer que alguém é velho não deveria ofender e sim ser um mérito. Pessoas velhas, não pessoas envelhecidas. A riqueza da memória e o brilho das histórias. Tenho a sensação que essas pessoas estavam em todos os acontecimentos marcantes ao mesmo tempo. Elas sempre têm alguma coisa pra contar.
    Eu tenho velhos na minha vida. Amo. Um foi embora. Tenho a lembrança do seu jeito de vestir, de falar e de pentear o cabelo. Meu avô, ele foi porteiro no bairro do Jardim Botânico, por muito tempo, lembro-me de ir visita-lo. E onde ele guardava suas coisas, era um baú bem grande, que tinha um cheiro tão peculiar. Tão especial. Consigo sentir esse cheiro. Meu avô era cheiroso, muito vaidoso.  A ultima lembrança que tenho dele é ele bem arrumado. Com o cabelo impecável, uma blusa verde água e uma calça branca (um tanto quanto bicheiro). Ele me deu um conselho e um abraço. Desde então eu nunca havia sonhado com ele, recentemente sonhei e ele cabia em meus braços, o abracei com tanta vontade que pude sentir seu cheiro. Botei minha mão em seu coração, pra ter certeza que batia, e no meu sonho ele batia. Rápido.



  12. Atenção Jornalistas! Eles estão na sua prateleira?

    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Pesquisando em alguns sites e atendendo a sugestão de professores da UFRN. Fiz uma lista com os 10 livros que um jornalista ,ou um futuro jornalista, não pode deixar de ler. Esses livros abordam de questões técnicas, relatos históricos a experiências de profissionais de destaque, como o jornalista Caco Barcelos e Eliane Brum. Espero que gostem!! 


    A Sangue Frio, Truman Capote
    Com o objetivo de fazer uma reportagem sobre o assassinato do casal Clutter e seus dois filhos, ocorrido em 1959 na cidade de Holcomb, nos Kansas, Estados Unidos, Truman Capote passou mais de um ano na região, entrevistando os moradores e investigando as circuntâncias do crime. Sem gravador ou bloco de notas, munido apenas de sua prodigiosa memória e de um talento excepcional para observar detalhes, escrafunchar informações e, sobretudo, contar uma boa história, Capote produziu um clássico do jornalista literário.


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    O Olho da Rua, Eliane Brum
    Se as histórias contadas nesse livro fossem ficção, o leitor pensava que autor exagerou. Seriam surpreedende demais. Essa é a delícia da literatura da vida real feita por Eliane Brum, uma repórter que se especializou em descobrir ângulos inusitados e beleza na brutalidade cotidiana, sem perder a palavra exata e o rigor da melhor tradição do jornalismo.


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    Chatô, o Rei do Brasil; Fernando Morais.
    A história da vida vertiginosa de um dos brasileiros mais poderosos e controvertidos deste século. Dono de um império de quase cem jornais, revistas, estações de rádio e televisão - os Diários Associados - e fundador do MASP, Assis Chateaubriand, ou apenas Chatô, sempre atuou na política, nos negócios e nas artes como se fosse um cidadão acima do bem e do mal. Mais temido do que amado, sua complexa e muitas vezes divertida trajetória está associada de modo indissolúvel à vida cultural e política do país entre as décadas de 1910 e 1960, magistralmente recriada neste Chatô, o rei do Brasil.


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    O que é Jornalismo? Clovis Rossi.
    Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra acrescida, no caso da televisão, de imagens. Entrar no universo do jornalismo significa ver essa batalha por dentro, desvendar o mito da objetividade, saber quais são as fontes, discutir a liberdade de imprensa no Brasil.

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    O que É ser Jornalista? Ricardo Noblat 
    A série "O que é Ser" é destinada, principalmente ao leitor em idade de definição profissional. "O Que é Ser Jornalista", apresenta relatos com as principais dúvidas sobre a profissão de jornalista, os grandes desafios já enfrentados, os problemas do dia-a-dia, os atributos que consideram mais valiosos para seu desempenho e tantos outros aspectos importantes dessa profissão. Pois, segundo o autor, o jornalista veio ao mundo para correr atrás de notícias e oferecê-las ao estimado público da melhor maneira possível. Com precisão, clareza e honestidade. 

     

    Minha Razão de Viver,Samuel Wainer.

    Samuel Wainer, o maior jornalista político do Brasil, conta tudo sobre a sua trajetória na imprensa brasileira neste livro. "Minha Razão de Viver", mais do que um livro, é um documento histórico que revela detalhes dos meandros do poder, desde Getúlio Vargas e o Estado Novo até o golpe de 1964.

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    Cem Ano de Solidão, Gabriel Garcia Márquez. Com nova tradução e projeto gráfico, o livro mais importante da obra de Gabriel García Márquez, vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1982 é relançado. O autor narra a incrível história da família Buendía, uma estirpe de solitários que habitam a mítica aldeia de Macondo. A narrativa desenvolve-se em torno de todos os membros dessa família, com a particularidade de que todas as gerações foram acompanhadas por Úrsula, uma personagem centenária e uma matriarca das mais conhecidas da história da literatura latino-americana.

    O Reino do Poeder, Gay Talese. The New York Times, o jornal mais influente do mundo, durante boa parte do século XX exerceu efetivamente o ´quarto poder´ nos Estados Unidos. Como acontece em toda grande instituição, o interior do The New York Times abrigou lutas e batalhas pelo poder, numa guerra traduzida em conflitos de personalidade, manipulações, choques de interesses, alianças táticas, vitórias exultantes e decepções profundas. A história desse grande jornal é apresentada aqui pelo editor e ensaísta Gay Talese, um dos expoentes do ´novo jornalismo´ - gênero que combina as técnicas descritivas do romance com o realismo da não-ficção. Talese expõe a filosofia e os princípios editoriais do Times, descreve as mudanças que o jornal sofreu ao longo de mais de um século de existência, identifica suas contradições, analisa a atuação de suas figuras-chave, destaca suas relações (às vezes incestuosas) com o poder político e também reconstitui reportagens de impacto. Nesses tempos em que não sabemos se são as pessoas que fazem as notícias ou se são as notícias que fazem as pessoas, este clássico da história do jornalismo ergue diante de nós o reino da imprensa, com seus senhores feudais, seus cavaleiros andantes e seus usos variados do poder de publicar.


    O Senhor Embaixador, Erico Verissímo.Primeiro livro de Erico Verissimo após a consagrada trilogia "O tempo e o vento", o romance "O Senhor Embaixador" é um retrato crítico e mordaz dos problemas políticos que assolam a América Latina. Concebido sob o impacto da Revolução Cubana e publicado um ano após o golpe de 1964, o livro foi um marco da resistência do escritor gaúcho.

    Rota 66, Caco Barcelos.´Rota 66´ é um livro já consagrado pelo público e pela crítica, onde o autor desmonta a intricada rede que forma o ´esquadrão da morte oficial´ montado em São Paulo. Resultado de uma investigação meticulosa e audaciosa, a obra foi escrita por Caco Barcelos, que é correspondente internacional da Rede Globo e considerado um dos jornalistas de maior prestígio dentro da emissora, pela audiência conseguida por suas reportagens.

    SITES:


  13. 125 anos ; Manuel Bandeira

    terça-feira, 19 de abril de 2011

            Hoje dia 19 de abril de 2011 completaria 125 anos de vida um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho. Nasceu em Recife-PE, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira.
        Com 17 anos, Manuel Bandeira foi para São Paulo, a fim de ingressar na Escola Politécnica, mas já no ano seguinte (1904) ficou tuberculoso. Abandonou os estudos, passando temporadas em várias outras cidades, de clima mais propício ao seu estado de saúde. Em 1913 partiu para a Suíça em busca de tratamento. Regressou no ano seguinte, pois estava começando a Primeira Guerra Mundial. Em 1917 publicou seu primeiro livro: A Cinza das Horas.
             Conforme esclarece o melhor crítico da obra de Bandeira, Davi Arrigucci Jr.: "A poesia de Bandeira (..) tem início no momento em que sua vida, mal saída da adolescência, se quebra pela manifestação da tuberculose, doença então fatal. O rapaz que só fazia versos por divertimento ou brincadeira, de repente, diante do ócio obrigatório, do sentimento de vazio e tédio, começa a fazê-los por necessidade, por fatalidade, em resposta à circunstância terrível e inevitável". 

            O poeta morreu com mais de 80 anos, em 13 de outubro de 1968.

             Um dos poemas bem conhecido de Manuel Bandeira “Trem de Ferro”, tem notória musicalidade típica das obras do autor. O vídeo abaixo é uma adaptação do poema realizado pelo grupo Vocal Patuscada : Letra do Poema

     

    Referências: 





  14. Por Gabriel García Márquez

    segunda-feira, 18 de abril de 2011

    Texto publicado no Observatório da Imprensa e retirado do site Profissão Repórter.

     A MELHOR PROFISSÃO DO MUNDO 

    Por Gabriel García Márquez
    "Há uns cinqüenta anos não estavam na moda escolas de jornalismo. Aprendia-se nas redações, nas oficinas, no botequim do outro lado da rua, nas noitadas de sexta-feira. O jornal todo era uma fábrica que formava e informava sem equívocos e gerava opinião num ambiente de participação no qual a moral era conservada em seu lugar." 
    "Não haviam sido instituídas as reuniões de pauta, mas às cinco da tarde, sem convocação oficial, todo mundo fazia uma pausa para descansar das tensões do dia e confluía num lugar qualquer da redação para tomar café. Era uma tertúlia aberta em que se discutiam a quente os temas de cada seção e se davam os toques finais na edição do dia seguinte. Os que não aprendiam naquelas cátedras ambulantes e apaixonadas de vinte e quatro horas diárias, ou os que se aborreciam de tanto falar da mesma coisa, era porque queriam ou acreditavam ser jornalistas, mas na realidade não o eram." 
    "O jornal cabia então em três grandes seções: notícias, crônicas e reportagens, e notas editoriais. A seção mais delicada e de grande prestígio era a editorial. O cargo mais desvalido era o de repórter, que tinha ao mesmo tempo a conotação de aprendiz e de ajudante de pedreiro. O tempo e a profissão mesma demonstraram que o sistema nervoso do jornalismo circula na realidade em sentido contrário. Dou fé: aos 19 anos, sendo o pior dos estudantes de direito, comecei minha carreira como redator de notas editoriais e fui subindo pouco a pouco e com muito trabalho pelos degraus das diferentes seções, até o nível máximo de repórter raso. 
    A prática da profissão, ela própria, impunha a necessidade de se formar uma base cultural, e o ambiente de trabalho se encarregava de incentivar essa formação. A leitura era um vício profissional. Os autodidatas costumam ser ávidos e rápidos, e os daquele tempo o fomos de sobra para seguir abrindo caminho na vida para a melhor profissão do mundo - como nós a chamávamos. Alberto Lleras Camargo, que foi sempre jornalista e duas vezes presidente da Colômbia, não tinha sequer o curso secundário. 
    A criação posterior de escolas de jornalismo foi uma reação escolástica contra o fato consumado de que o ofício carecia de respaldo acadêmico. Agora as escolas existem não apenas para a imprensa escrita como para todos os meios inventados e por inventar. Mas em sua expansão varreram até o nome humilde que o ofício teve desde suas origens no século XV, e que agora não é mais jornalismo, mas Ciências da Comunicação ou Comunicação Social
    O resultado não é, em geral, alentador. Os jovens que saem desiludidos das escolas, com a vida pela frente, parecem desvinculados da realidade e de seus problemas vitais, e um afã de protagonismo prima sobre a vocação e as aptidões naturais. E em especial sobre as duas condições mais importantes: a criatividade e a prática. 
    Em sua maioria, os formados chegam com deficiências flagrantes, têm graves problemas de gramática e ortografia, e dificuldades para uma compreensão reflexiva dos textos. Alguns se gabam de poder ler de trás para frente um documento secreto no gabinete de um ministro, de gravar diálogos fortuitos sem prevenir o interlocutor, ou de usar como notícia uma conversa que de antemão se combinara confidencial. 
    O mais grave é que tais atentados contra a ética obedecem a uma noção intrépida da profissão, assumida conscientemente e orgulhosamente fundada na sacralização do furo a qualquer preço e acima de tudo. Seus autores não se comovem com a premissa de que a melhor notícia nem sempre é a que se dá primeiro, mas muitas vezes a que se dá melhor.especialmente a curiosidade pela vida.  Alguns, conscientes de suas deficiências, sentem-se fraudados pela faculdade onde estudaram e não lhes treme a voz quando culpam seus professores por não lhes terem inculcado as virtudes que agora lhes são requeridas,
    É certo que tais críticas valem para a educação geral, pervertida pela massificação de escolas que seguem a linha viciada do informativo ao invés do formativo. Mas no caso específico do jornalismo parece que, além disso, a profissão não conseguiu evoluir com a mesma velocidade que seus instrumentos e os jornalistas se extraviaram no labirinto de uma tecnologia disparada sem controle em direção ao futuro. 
    Quer dizer: as empresas empenharam-se a fundo na concorrência feroz da modernização material e deixaram para depois a formação de sua infantaria e os mecanismos de participação que no passado fortaleciam o espírito profissional. As redações são laboratórios assépticos para navegantes solitários, onde parece mais fácil comunicar-se com os fenômenos siderais do que com o coração dos leitores. A desumanização é galopante
    Não é fácil aceitar que o esplendor tecnológico e a vertigem das comunicações, que tanto desejávamos em nossos tempos, tenham servido para antecipar e agravar a agonia cotidiana do horário de fechamento. 
    Os principiantes queixam-se de que os editores lhes concedem três horas para uma tarefa que na hora da verdade é impossível em menos de seis, que lhes encomendam material para duas colunas e na hora da verdade lhes concedem apenas meia coluna, e no pânico do fechamento ninguém tem tempo nem ânimo para lhes explicar por que, e menos ainda para lhes dizer uma palavra de consolo. 
    "Nem sequer nos repreendem", diz um repórter novato ansioso por ter comunicação direta com seus chefes. Nada: o editor, que antes era um paizão sábio e compassivo, mal tem forças e tempo para sobreviver ele mesmo ao cativeiro da tecnologia. 
    A pressa e a restrição de espaço, creio, minimizaram a reportagem, que sempre tivemos na conta de gênero mais brilhante, mas que é também o que requer mais tempo, mais investigação, mais reflexão e um domínio certeiro da arte de escrever. É, na realidade, a reconstituição minuciosa e verídica do fato. Quer dizer: a notícia completa, tal como sucedeu na realidade, para que o leitor a conheça como se tivesse estado no local dos acontecimentos." 
    "O gravador é culpado pela glorificação viciosa da entrevista. O rádio e a televisão, por sua própria natureza, converteram-na em gênero supremo, mas também a imprensa escrita parece compartilhar a idéia equivocada de que a voz da verdade não é tanto a do jornalista que viu como a do entrevistado que declarou. Para muitos redatores de jornais, a transcrição é a prova de fogo: confundem o som das palavras, tropeçam na semântica, naufragam na ortografia e morrem de enfarte com a sintaxe. 
    Talvez a solução seja voltar ao velho bloco de anotações, para que o jornalista vá editando com sua inteligência à medida que escuta, e restitua o gravador a sua categoria verdadeira, que é a de testemunho inquestionável. De todo modo, é um consolo supor que muitas das transgressões da ética, e outras tantas que aviltam e envergonham o jornalismo de hoje, nem sempre se devem à imoralidade, mas igualmente à falta de domínio do ofício. 
    Talvez a desgraça das faculdades de Comunicação Social seja ensinar muitas coisas úteis para a profissão, porém muito pouco da profissão propriamente dita. Claro que devem persistir em seus programas humanísticos, embora menos ambiciosos e peremptórios, para ajudar a constituir a base cultural que os alunos não trazem do curso secundário. 
    Entretanto, toda a formação deve se sustentar em três vigas mestras: a prioridade das aptidões e das vocações, a certeza de que a investigação não é uma especialidade dentro da profissão, mas que todo jornalismo deve ser investigativo por definição, e a consciência de que a ética não é uma condição ocasional, e sim que deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro. 
    O objetivo final deveria ser o retorno ao sistema primário de ensino em oficinas práticas formadas por pequenos grupos, com um aproveitamento crítico das experiências históricas, e em seu marco original de serviço público. Quer dizer: resgatar para a aprendizagem o espírito de tertúlia das cinco da tarde. 
    Um grupo de jornalistas independentes estamos tratando de fazê-lo, em Cartagena de Indias, para toda a América Latina, com um sistema de oficinas experimentais e itinerantes que leva o nome nada modesto de Fundação do Novo Jornalismo Ibero-Americano. É uma experiência piloto com jornalistas novos para trabalhar em alguma especialidade - reportagem, edição, entrevistas de rádio e televisão e tantas outras - sob a direção de um veterano da profissão." 
    "A mídia faria bem em apoiar essa operação de resgate. Seja em suas redações, seja com cenários construídos intencionalmente, como os simuladores aéreos que reproduzem todos os incidentes de vôo, para que os estudantes aprendam a lidar com desastres antes que os encontrem de verdade atravessados em seu caminho.
    Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. 
    Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte." 


  15. Antes de dormir.

    quinta-feira, 14 de abril de 2011

    "Fechar os olhos e ouvir o barulho da chuva;
    Abrir os olhos e esperar encontrar você;
    Mas você não está. Ta longe;
    Olhar pra janela e ver a noite refletindo no violão;
    Escrever esse momento;
    Na esperança de em breve a luz piscar(...)
    e ser você do outro lado".

  16. "João vai à praia'

    sexta-feira, 1 de abril de 2011

    Everson Andrade.
    2009.1

    "Quando tinha 11 anos ele viu o mar pela primeira vez, vindo do sertão sempre o imaginava como uma grande represa, mas ao chegar foi amor à primeira vista, se a apaixonou e casou. 41 anos depois trabalhando diariamente, vendendo picolé na praia esse amor virou monotonia. Hoje com 52 anos João da Silva se prepara para seu segundo passeio na praia.

    Vai levar sua família para passar um dia de domingo, dessa vez de frente para o mar, pois por quase quatro décadas viveu dando as costas para ele e cedendo atenção exclusiva aos desconhecidos a quem vendia seu produto. 

    Ele chegou cedo, veio de ônibus e procurou o lugar mais reservado da praia, não queria que os amigos o vissem naquela situação. Parou, sentou, e olhou: o sol ainda era dividido em dois pela linha do horizonte e o céu meio escuro como que vai chover dentro de cinco minutos. Sobre o pano em cima da areia sua mulher colocou o bolo de ovos, e com o guaraná chamou os meninos que já corriam pela areia, e ali mesmo tomaram o café. Família simples, nem ligou para os granfinos que passavam fazendo suas caminhadas e olhavam torto para aquelas pessoas sentadas.

    Já eram dez horas e para o seu desgosto um dos colegas de trabalho apareceu. Ele não tinha nem um problema com os seus amigos ou sua situação social, porém nunca fora visto ali se não trabalhando, mas segundo o mantra de Chico, pediu sua cerveja para tomar antes da galinha com farofa que sua esposa tinha preparado para o almoço. Aquela cerveja desceu refrescando seu corpo e espírito, se tornando mais doce que o doce da batata doce.

    Enquanto saboreava aquele mimo que se permitiu, observava seus filhos brincando na água. Brincavam de não sei o quê, mas eram felizes, com isso remeteu ao seu passado quando o mar era seu açude. Para ele seu dia já estava de bom tamanho e alegre.
    Após saborear o galeto, entrou pela única vez no mar, brincou e nadou até dizer chega, voltando juntaram suas coisas e foram para casa.
    Ainda no ônibus disse à companheira que gostou da experiência e daquele dia em diante repetirão mais essa atividade. Antes de morrer João foi à praia mais 867 vezes, e mais 3 vezes visitou a praia".


  17. A Mudança

    sexta-feira, 25 de março de 2011

    O silêncio da casa grita por barulho;
    Tudo escuro, calmo, calmo demais;
    Falta uma luz, a criança, o cheiro;
    Coisas no lugar, nenhuma bagunça.

    O silêncio da casa esperneia por barulho;
    Janelas e portas sempre fechadas;
    Fogo não se acende;
    As plantas morrem, elas não podem pedir água.

    O silêncio da casa suplica por barulho;
    Roupas jogadas e ninguém pra brigar;
    Liberdade, privacidade, sossego;
    Solfejar do violão, cantarolar de uma canção.

    O silêncio da casa se acostuma;
    Mesmo com o silêncio A luz estará lá;
    Ele não achará o barulho de antes, mas ouvirá o dobrar de joelhos;
    Escutará a sinfonia de um Amém.

  18. Maria das águas

    quinta-feira, 24 de março de 2011

    Jornalismo 2010.1
    Primeiro texto de Redação Criativa. 16/03/2011.

    Maria das águas.
           E lá vai Maria... Como todos os dias, bem cedinho, preparar seu ganha-pão. Maria vende água na praia de Copacabana, zona sul carioca. Maria é uma jovem muito justa e esforçada, terminou os estudos, mas vender água na praia dava mais dinheiro.  A jovem era conhecida por todos, ela era simpática ao ponto de vender graças ao seu sorriso.

         Era conhecida também por ser muito corajosa, ela trabalhava duro, todos os dias, sem folga, para ajudar sua mãe com as contas. Porém Maria tinha um sonho, de fazer uma faculdade. Esse era o grande sonho dela, se formar em direito e defender os mais necessitados. Muitos achavam utopia de Maria, como seria possível uma simples vendedora de água ser tornar doutora?

       Os verões passaram, a praia de Copacabana continuou sendo umas das mais visitadas do país. Aquela praia com todos seus turistas, seus vendedores e suas peculiaridades. Pouca coisa muda em Copa. Mais um domingo ensolarado, praia lotada, ótimo para as vendas. Mas cadê aquela menina sorridente da água? Ela continua sorridente e com a mesma expressão gentil de sempre, mas a praia não é mais lugar de trabalho e sim de lazer. Maria não carrega mais um isopor pesado e sim sua linda bolsa. Ela chega à praia, aluga sua cadeira, cumprimenta a todos e senta para admirar a beleza do lugar. Sentir o cheiro da maresia, prestar atenção nos grãos de areia entrando em seus dedos e se maravilhar com o brilho do sol refletindo no mar gelado. Agora ela não é apenas ”Maria a menina da água” e sim “Maria a Doutora”!

  19. O Brigadeiro.

    sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

    Festa de criança!
    O que logo vem à mente?

    - “Nossa, sempre tem muitos docinhos”! – cajuzinho, beijinho e o rei de todos eles “O Brigadeiro”!
    O doce mais disputado de toda a festa. O prato de brigadeiro no inicio da festa está lindo e cheio, mas geralmente antes mesmo de cantar o parabéns ele já está desarrumado e relativamente vazio.

    Canta-se o parabéns, convidados começam a ir embora. Então você olha para a mesa do bolo, já sem esperanças e de repente em meio aos papeis de bala e farelos de bolo, eis que reluz um brigadeiro, sozinho apenas esperando por alguém. Você entusiasmado levanta e vai em direção ao doce, estende a mão, mas arrebatadoramente o aniversariante passa correndo e pega o docinho.

    Sabe a sensação de perder aquele doce, que estava tão perto e que não era apenas mais um e sim um BRIGADEIRO. Essa sensação eu tenho sentido com certa frequência nos últimos tempos. De estar bem perto de um objetivo e no 00:47 do segundo tempo (brigadeiro e futebol!) não conseguir pegar o doce. 

    Antes de começar a escrever esse texto – papel e caneta -  pensei “mais um texto pessimista” , mas enquanto eu demorava a por no papel e organizar as palavras, pensei em outra coisa, “É, estou chegando perto e não consigo, mas e se não for esse o brigadeiro mais gostoso”?

    Eu sei, é difícil achar um brigadeiro de festa de criança ruim e mais difícil ainda achar um que seja o melhor de todos. Festas de criança não acontecem com tanta frequência quando não se tem mais 8 anos. Mas a questão é justamente essa, quando alcançar o delicioso brigadeiro a sensação de satisfação e exclusividade será maior e irá sobrepor todas as vezes que o doce não foi alcançado.

    - não é texto de autoajuda(auto-ajuda).


  20. Sentimentos; feelings.

    terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


    (10/02/2011)
    Saudade de escrever coisas que tenham sentido. Ultimamente só escrevi, como diz uma amiga, a "queima roupa". Deixando o meu estado de espirito e sentimentos transparecerem excessivamente. Isso estava me assustando e confundido. Mesmo sabendo que escrever efusivamente me “acalma” vou tentar colocar mais sentido as coisas. Afinal na maioria das vezes todo o sobejar de sentimentos (sofrimento, raiva, frustração, amor) era puramente imposição minha – não, eu não sou masoquista.
    Esses dias eu aprendi uma coisa e relembrei outra. Aprendi que as coisas podem ter um novo começo, que apesar de circunstâncias adversas (magoa, rancor, “injustiça”) isso pode acontecer. Não me refiro a voltar no caminho e fingir que nada aconteceu, mas sim mudar o caminho e proceder de forma diferente. Talvez seja difícil, submeter-se a isso, (orgulho, nostalgia), de repente se tornará uma jornada a ser feita com cuidado. Porém prefiro retornar com cuidado e buscando algo bom e novo, á continuar em algo que já foi bom, mas é velho.
    A “coisa’ que relembrei foi que quando perguntamos, inevitavelmente, obteremos respostas, sejam boas – aos nossos olhos -  ou não.
    - coragem para escrever;
    - coragem de tentar o novo;
    - coragem de perguntar .